Clube de Jazz

O ritmista mineiro Tulio Araujo, conhecido por sua dedicação ao pandeiro, lança seu sexto álbum da carreira. Diferente dos anteriores, que sempre trouxeram composições próprias e de parceiros, desta vez foca em releituras pandeirísticas de clássicos do Jazz.

Awerejê é uma palavra derivada do Tupi Guarani, que significa convergência, fusão, mistura. O conceito não poderia ilustrar melhor o que se ouve nas 9 faixas do disco que, com arranjos elaborados e ousados, renova composições de mestres como Ray Noble, Miles Davis, Johnny Green, Richard Rogers, John Coltrane, Herbie Hancock e Chico Corea. Desde a morte trágica do amigo e referência Scott Feiner que Tulio vinha refletindo sobre o termo Pandeiro Jazz, criado e adotado pelo norte-americano.

“É interessante notar que tanto ele quanto eu sempre apostamos muito nessa idéia de colocar o pandeiro no Jazz, mas ambos nunca chegamos a gravar standards, ou seja, eu sempre senti que se estivesse tentando explicar a alguém o que faço com o instrumento, seria difícil ilustrar, monstrando alguma gravação. Tudo que já tinha gravado tem, obviamente, a improvisação e bebe diretamente dos conceitos jazzísticos, mas eu nunca tinha gravado algo do repertório clássico do estilo.”, explica Araujo.

Movido por essa reflexão, o mineiro de Passos começou a reunir algumas das composições mais relevantes em sua carreira, que pudessem resumir de alguma forma todo o seu caminho musical nessa difícil empreitada de fazer o pandeiro funcionar no Jazz. “Um outro fator muito importante neste disco é o de que eu não tento transcrever ou substituir a bateria, mas adaptar as levadas e ritmos. Para isso, eu fiz um processo histórico de engenharia reversa, recuperando a ancestralidade do swing feel, que começa nos tambores africanos.”, complementa. A ordem das faixas não é um mero acaso, já que a idéia é uma viagem cronológica desde as primeiras composições, que começam na década de 1930, passando pelo Bebop dos anos 1940 e 1950, e terminando na modernidade de 1970 e 1980.